Plínio Marcos, o porta-voz dos foliões

“Um povo que não ame e não preserve suas formas de expressão mais autênticas, jamais será um povo livre”, narra Plínio Marcos, ao lado de seus companheiros de batuque Geraldo Filme, Zeca da Casa Verde e Toniquinho Batuqueiro, em uma das faixas do álbum “Plínio Marcos em Prosa e Samba – Nas Quebradas do Mundaréu”, gravado em 1974. A obra canta a história do samba da Pauliceia e de sua gente, tornando-se um registro indispensável para quem quiser se aprofundar e se encantar com o samba da cidade de São Paulo.

Plínio acompanhado de Toniquinho Batuqueiro, Geraldão e Zeca da Casa Verde, em 1974

Além de dramaturgo, Plínio Marcos era ator, escritor, diretor, jornalista e palhaço. Também tinha um grande interesse nas outras expressões artísticas brasileiras, como o samba e o Carnaval. Ficou conhecido por sempre questionar e enfrentar a censura durante a ditadura militar. Retratava o cotidiano das “quebradas do mundaréu” e dava voz aos excluídos da sociedade.

O intenso contato com grandes bambas de São Paulo, como Dionísio Barbosa, Inocêncio Mulata, Dona Eunice do Lavapés, Pé Rachado do Bixiga, Pato Nágua, Vitucho do Paulistano da Glória e tantos outros artistas que ficaram no anonimato, fez surgir o desejo e a necessidade de tornar notórias as narrativas desses representantes do universo do samba e despertar os órgãos públicos para a importância do Carnaval.

E é na década de 1970 que dois espetáculos, “Balbina de Iansã” (1971) e “Humor Grosso e Maldito das Quebradas do Mundaréu” (1973), ganham popularidade entre os teatros de São Paulo. Plínio, acompanhado pelos Pagodeiros da Pauliceia – Geraldo Filme, Zeca da Casa Verde, Toniquinho Batuqueiro, Jangada, Silvio Modesto e Talismã –, contava as histórias por entre polêmicas e piadas e apresentava as músicas desses compositores desconhecidos da capital paulista.

Capa do CD “Plínio Marcos em Prosa e Samba”

O LP “Nas Quebradas do Mundaréu”, de 1974, foi  relançado em CD como “Plínio Marcos em Prosa e  Samba” em 2012. Possui 13 faixas divididas em cinco sambas de Geraldo Filme, quatro de Zeca da Casa  Verde, duas de Toniquinho e duas instrumentais.

Geraldo foi compositor ativo de cordões e das escolas de samba da Terra da Garoa: Paulistano da Glória,  Unidos do Peruche e Vai-Vai. Zeca compôs para diversas escolas de samba como Camisa Verde e Branco, Morro da Casa Verde e Rosas de Ouro. Ex-engraxate da Praça da Sé, Toniquinho integrou a ala de compositores das escolas Rosas de Ouro, Unidos do Peruche e Unidos de Vila Maria.

As contribuições de Plínio Marcos legam as vozes e as histórias de tantos que, por tempos caídos no esquecimento, precisam ser conhecidos e respeitados como fonte infinita de cultura e tradição do samba de São Paulo.