Noel Rosa, o filósofo do samba

Noel Rosa registrou 259 composições em seus 26 anos de vida, em sua maioria de teor crítico, bem humorado e, por vezes, dramático. Vindo de uma família de classe média, seu destino era ser um grande doutor. No entanto, preferiu largar o curso de medicina e para tornar-se um especialista em música.

Com o samba “Com Que Roupa?“, sucesso no Carnaval de 1931, ele foi lançado na rádio e tornou-se um artista conhecido nacionalmente. A partir de então, outras músicas ganham espaço, como “Filosofia” (1933), composta com André Filho.

Esta foi uma de suas composições mais famosas, cuja letra é carregada de ironia. Trata-se do desprezo direcionado aos sambistas, os quais geralmente estavam à margem da sociedade. Vistos como malandros, avessos ao trabalho e frequentadores da boemia, Noel contrapõe este conceito levantando a afirmação: “vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo”.

É uma clara provocação às classes altas que veem o samba como pura vadiagem. Ainda acrescenta que, mesmo tendo dinheiro, estas pessoas nunca serão felizes e que hão de “viver eternamente sendo escrava dessa gente que cultiva hipocrisia”. Em crítica aos valores da época, o sambista na concepção de Noel ganha outra identidade.

Após a sua morte, Cartola expressa sua visão sobre o colega: “Era o rei da filosofia / Fez da musa o que queria / Zombou da inspiração / Os seus versos ritmados / Por ele mesmo cantados / Tinham bela entoação”.

Confira “Filosofia”: