A bossa nova sob a perspectiva de Tinhorão

O gênero da bossa nova surge em 1958, em diversas definições aceito como uma reformulação do samba-canção feita pelos jovens de classe média do Rio de Janeiro. Como os sambas-canção de Cartola e Nelson Cavaquinho não chegavam a ser gravados, acreditavam que esta vertente havia se esgotado. Dessa forma, partem para uma chamada “jazzificação do samba”, em que o jeito de tocar e cantar transforma-se em Bossa Nova.

Pesquisador da música brasileira, José Ramos Tinhorão é um dos principais críticos deste gênero – o qual afirma, sem sutilezas, não ser um desdobramento do samba. Para ele, a chamada bossa não tem origem brasileira. Ao contrário do primeiro significado, defende ser uma música construída no Brasil com base nas matrizes do jazz norte-americano, ou seja, trata-se de uma releitura.

Veja algumas provocações de Tinhorão às bossas de Tom Jobim, um dos principais representantes do gênero:

Em 1942, Judy Garland canta “Samba de Uma Nota Só” com outro nome (“Mr. Monotony”):

Considera que “Chega de Saudade” foi inspirada no tema do filme “Sob o Domínio do Mal” (1962), de John Frankenheimer; que “Desafinado” é igual a uma canção de Gilberto Alves e que “Eu Sei que Vou Te Amar” tem a mesma melodia de “Dancing in the Dark”.

O xeque-mate, infelizmente para o pesquisador, foi descobrir que “As Rosas Não Falam”, de Cartola, na realidade foi baseada no jazz “La Rosita”, de Coleman Hawkins e Ben Wester. Não acredita que seja um plágio, mas com certeza afirma que há influência.

*Com informações da Revista Cult.